The Hobbit - A batalha dos cinco exércitos (The Hobbit - The Battle of the five armies)

Direção: Peter Jackson

Elenco: Martin Freeman, Richard Armitage, Luke Evans, Orlando Bloom, Manu Bennett, Evangeline Lilly ,Ian McKellen, Cate Blanchett, Hugo Weaving, Aidan Turner, Sylvester MCcoy,Ryan Gage e Christopher Lee.

 

Enfim chegamos ao terceiro capítulo derradeiro da segunda e última (será?) trilogia da saga de Bilbo Bolseiro (Freeman) dirigida por Peter Jackson. Obviamente não temos como negar que é o melhor dos três longas – nada difícil comparando a irregularidade dos outros dois – e o diretor amenizou (digo amenizou) os erros, mesmo que tardiamente, para o bem do filme.

O Hobbit a batalha dos cincos exércitos (alguém poderia, por favor, me dizer os tais cincos exércitos?) é aquele tipo de filme difícil não agradar por fornecer grandes sequências de batalhas e fechar todos os arcos dramáticos deixados pelos anteriores – principalmente a questão moral do personagem Thorin (Armitage), o mais dimensional dos anões com a corrupção de sua alma pelo ouro.

 Neste inicio testemunhamos o embate final contra o dragão falante Smaug indo em direção à vila e levar a destruição total ao lugar depois dos acontecimentos do longa anterior. Contudo já podemos ratificar o óbvio: independente se havia ou não conteúdo no livro para uma nova trilogia, Peter Jackson deixa evidente neste inicio que o objetivo era esticar os filmes o máximo possível, uma vez que precisou de dois longas (e um pouco mais) para concluir algo facilmente resolvido em apenas um – o que tornaria os filmes mais coesos.

 Outro ponto a ser analisado sobre um dos problemas recorrentes desta nova trilogia: ciente da desnecessidade ou mau aproveitamento de alguns personagens, o diretor – assim como George Lucas fez com Jar Jar Bink em Star Wars Episódio II – diminui, por exemplo, o espaço do mago cinzento Radagast (McCoy), agora surgindo no filme durante poucos minutos.Mas ainda sim com importância no destino das batalhas, relembrando o que Gandalf (McKellen)– numa participação menor em tela – fez durante todas as duas trilogias: surgir do nada para salvar os amigos em perigo.

 Neste novo longa outro problema reconhecido de todos inevitavelmente permanece: O excesso de personagens no núcleo central (anões) que confundiu o espectador durante os três filmes, uma vez que nem para servir no contexto dramático – ao contrário da sociedade do anel da trilogia original – serviram. Todavia, no final do filme, o roteiro usa o recurso dramático com os mais conhecidos – confirmando desnecessidade dos outros anões. Esta desnecessidade podemos também apontar como exemplo as cenas do servo Alfridi (Cage) que o filme martela sua falta de escrúpulo durante bom tempo, apenas para ganhar tempo e um alívio cômico sem efeito.

 A direção ciente destes problemas tratou de dar aquilo que o público mais desejava: batalhas e duelos em profusão bem ao estilo da série ocupando praticamente todos os seus 145 minutos de duração e fazendo que o público não tenha tempo de respirar e ainda dando espaço para o romantismo sem muita química do casal vivido por Tauriel – Evangeline Lilly sempre linda – e o anão Kili (Turner).

 The Hobbit- A batalha dos cincos exércitos, emula “O retorno do Rei” principalmente no terceiro ato, onde a montagem alterna várias frentes sem perder o interesse em nenhuma – como podemos notar nas batalhas campais com o exército de anões, a de Thorin contra Azog sobre o gelo e o duelo protagonizado por Legolas (que mais empolgou).

 Tecnicamente, como não poderia de ser, o filme é elogiável. Pontos para a preocupação com os detalhes das criaturas criadas por CGI como, por exemplo, os animais usados pelo Thrandui (um Alce), um porco gigante por um dos líderes anão e até bodes -- todos ornamentados para a guerra. E assim como os gigantes orcs usados para invadir a fortaleza, todos tecnologicamente perfeitos.

 Um ponto que desejo comentar é a trama paralela formada por Galadriel (Blanchet), Elrond (Hearving) e Sarumam (Lee) que faz o elo com a trilogia anterior. Os três entram em ação contra as forças de Sauron, mas me parece tudo uma desculpa (apesar da sequência ser boa) para apenas usar tais personagens e criar terreno na mente do público para senhor dos anéis – que o diretor fez questão de ratificar na última cena ligando as duas trilogias.

 Mas havia mesmo a necessidade?  O que nos leva a uma pergunta devido à cena final do longa: com Gandalf envolvido na questão de Sauron, ele – ciente que Bilbo usou o artefato – não suspeitou em nenhum momento que Bilbo carregava algo tão poderoso?  Ou ele acreditou que o público esqueceu o inicio da trilogia antiga onde o próprio Gandalf reconheceu tal poderio imediatamente ao ver o anel pela primeira vez. Enfim...

 Por mais que fossem bem sucedido estes novos filmes, jamais conseguiriam causar um impacto com feito a mais de dez anos pelos anteriores, uma vez que a identificação com os personagens é comprometida por já estarmos cientes do destino deles.

 Mas “O hobbit - A batalha dos cincos exércitos” se sai bem com capítulo final desta determinada trilogia -- obviamente sem a carga dramática da trilogia original -- e com um incômodo que poderia ter sido muito mais proveitoso ter cortado algumas arestas para um resultado melhor.

 Cotação 4/5