Exterminador do Futuro: Gênesis

Direção: Alan Taylor

Elenco: Arnold Schwarzenegger, Emilia Clark, Jason Clarke, Jay Courtney, Matt Smith, Byung-hun lee e J.K Simmons.

“Estou velho, não obsoleto”. A ideia contida na frase e repetida frequência, dá a dimensão para o novo filme da saga iniciada a mais de 30 anos atrás. Assim este “Exterminador do Futuro: Gênesis” consegue a proeza mesmo depois de sequências irregulares (Exterminador do futuro 3 e 4), criar sua própria identidade se aproveitando das lacunas fornecidas por seus percussores e ainda consegue trabalhar de maneira convincente e com certo humor a própria questão da idade avançada de seu protagonista, independente das falhas em sua estrutura.

O roteiro de Laeta Kalogridis e Patrick Lussier apresenta em seu prólogo os ataques nucleares vistos nos filmes anteriores organizado pela Skynet que inicia a guerra entre humanos e máquinas; que ao contrário do “Julgamento Final” acontecerá não mais em 1997 e sim em 2017 quando o mundialmente famoso aplicativo Genesis entrar em operação - apontando de imediato os riscos da conectividade mundial e a dependência dos humanos a tecnologia. Contudo, criticar Gênesis poderia soar injusto, pois o próprio “Exterminador do futuro” original já tinha criado um paradoxo temporal (Kyle volta ao passado para salvar a mãe do salvador, sendo ele o pai), assim este novo longa apenas se aproveita desta brecha.

Tais argumentos são necessários para posicionar o espectador com relação ao que virá a seguir. E mesmo com alguns problemas que o torna a linha temporal por vezes não muita claros e diálogos expositivos que confundem mais que explicam, é evidente que a direção tentou construir seu próprio caminho sem desrespeitar a obra original. Como podemos ver na sequência em Reese (Clark) retorna a Los Angeles da mesma maneira como foi feito no longa de 1984, entretanto devido a mudanças na linha no tempo o roteiro nos leva a surpresas ao misturar elementos e personagens dos filmes de James Cameron.

Tais elementos fazem inicialmente este “Exterminador do Futuro: Genesis” soar como um reboot. Mas ao sermos apresentados ao protagonista (em mais uma sequência idêntica ao original) percebemos que tomaremos um novo caminho na luta de Sarah Connor (Clarke) para salvar a humanidade do futuro apocalíptico. A escolha da atriz Emília Clarke para o papel da heroína se mostrou correta, mesmo que inevitavelmente a comparemos com Linda Hamilton, é notório que a bela atriz se esforça para dar a Sarah à mesma força e independência da personagem.

Independente da falta de química do Kyle Reese de Jason Clarke o roteiro foca na relação entre Sarah Connor e o T-800 de Schwarzenegger que neste filme é carinhosamente chamado de “Papi” devido ao estreito relacionamento entre os dois. E admito que o resultado seja satisfatório, pois vemos em Sarah uma mulher dimensional que nasceu para salvar o mundo, mas o único sentimento familiar que teve vem justamente de uma máquina; a ponto de torna-lo um substituto paterno. E isso não funcionaria sem o nosso bom e velho (sem trocadilhos) Schwarzenegger que mostra um T-800 evoluído com relação a suas "versões anteriores" com relação ao contato com humanos - a ponto de interagir com eles de maneira “quase” natural.

A premissa de que Schwarzenegger cada vez mais se comporta com humano serve de alívio dramático e cômico para o filme. Como podemos ver nas cenas em que Schwarzenegger tenta mostrar alguma empatia ao sorrir de maneira mecanicamente engraçada (sem que destoar da proposta do filme) ou quando o personagem tem dificuldade em simples movimentos, parodiando a idade avançada da própria máquina (ator).

Quanto à questão técnica não tem outra palavra a não ser perfeição para descrever a reconstrução em computação gráfica do rosto do ator inserido no corpo de outra pessoa como o mesmo porte físico de Schwarzenegger de 30 anos atrás, pois além de magistral, serviu narrativamente ao filme, diferentemente de “Exterminador do Futuro: A Salvação” que usou tal artifício apenas por questões visuais (a confiança no resultado é tão grande neste Gênesis a câmera não economiza no close do “novo” Schwarzenegger).

Usando a tradicional estrutura de um novo vilão diferente a cada filme, o longa não decepciona como ação e ousar em descontruir um elemento importante na saga com relação ao personagem John Connor (Courtney), mesmo que o diretor Alan Taylor por vezes apela para o sentimentalismo ou resoluções fáceis no seu terceiro ato peca ao usar certos clichês ao querer personificar o perigo tecnológico da Skynet.

Assim como sofre um pouco do moralismo ao trocar a violência (não é questão de gostar e sim de verossimilhança) por seguidas perseguições (basta comparar a cena da invasão da delegacia como o original e ver a diferença). Entretanto o resultado final não é tão comprometedor quantos os dois últimos; assim “Genesis” percorrerá caminho mais linear sem tantas linhas temporais que somente com o tempo saberemos se dará certo ou não.

Cotação 3/5