Quarteto Fantástico

Direção: Josh Trank

Elenco: Miles Teller, Michael B. Jordan, Jamie Bell, Kate Mara e Reg E.Cathey.

Semana passada eu assisti quatros clipes exemplificando como seriam os filmes de super-heróis caso fossem dirigidos por grandes diretores. Claro que era apenas um exercício a título de curiosidade, entretanto a brincadeira possui mais originalidade e conteúdo que a maioria dos filmes realizados hoje em dia. Você poderia perguntar: Mas você acha que o público vai gostar (caso fosse) de um filme de Super-Heróis dirigido por um Ingmar Bergman ou pelo contemporâneo Wes Anderson? Ninguém pode afirmar, mas uma coisa é certa: independente do gênero (HQ), os filme jamais deveriam cair na mesmice de cansativas fórmulas como hoje em dia. Podemos pegar como exemplo Hulk de Ang Lee cujo filme estava à frente o seu tempo, entretanto o público não entendeu a abordagem do diretor e acabou não agradando a todos, mas independente disso jamais poderíamos acusar o filme de covarde.

Assim ao sair da sessão deste novo Quarteto Fantástico em um shopping, posso reafirmar com toda certeza - e nem seria necessário ver o filme para saber por ser tão óbvio - que boa parte dos filmes baseados em personagens em HQ alcançaram seu esgotamento criativo. Ou os realizadores começam a buscar algo novo ou o público em geral será bombardeado cada vez mais por filmes sem qualquer conteúdo que possa a levar algum tipo de análise devido a sua falta de coragem e inteligência. Contudo, tal pensamento acredito ser utópico em seu contexto pois a maior parte do público (fãs e adolescentes igualmente chatos que se recusam a pensar) são as chancelas ideais para tais obras perpetuarem nas salas dos cinemas ; onde estes fãs preferem discutir assuntos irrelevantes que fogem completamente do contexto cinematográifco (se o ator se parece com o personagem nos quadrinhos, a cor da sunga do heróis etc).

A premissa deste novo Quarteto Fantástico em criar uma identificação com público adolescente está logo na escolha do elenco: se tínhamos atores "mais experientes" como Jessica Alba, Ion Gruffudd e Chris Evans no filme de 2005, agora os jovens atores Miles Teller (se especializando em personagens com falhas no caráter), Michael B. Jordan, Jamie Bell e Kate Mara assumem as identidades do Senhor Fantástico, Tocha Humana, Coisa e Mulher invisível respectivamente - assim os jovens (e bons) atores são possivelmente os únicos elementos que ainda conseguem fornecer algo com suas atuações, mas mesmo assim muito pouco. Podemos citar também a presença do ator Reg E.Cathey como pai do tocha humana que sempre quando está em cena transmite segurança e firmeza com seu personagem. Assim como a figura do prórpio personagem Coisa, que possui certa carga dramática por ser o único que não possuir controle sobre sua aparência, o tornando um prisioneiro dentro do próprio corpo.

Recheado de clichês e frágeis conflitos torna o longa do diretor Josh Trak é repetitivo, dispersivo e irregular, ainda mais contando com uma estrutura cansativa por usar praticamente toda sua projeção para explicar - novamente - a origem dos poderes e partir logo em seguida para um rápido clímax ao confrontar o vilão Dr.Doom - vivido de maneira rasa pelo seguro Toby Kebbell. Além disso, o roteiro escrito a três mãos não consegue fugir a diálogos de efeito ("Juntos somos mais fortes", "Você de acreditar em seu potencial" etc..) entregando assim a intenção de agradar um público em construção intelectual denunciado pelos inacreditáveis aplausos após a sessão que me encontrava.

Assim é incômodo ter que constatar que cada vez a necessidade de atender este público - e somente este público - faz com que 10 anos depois do lançamento de um filme, os estúdios nos empurrem novamente longas de origens, com abordagens ainda mais simplistas e inofensivas. Assim se nos filmes anteriores o tom os transformou de certa maneira infantis e bobos, neste novo Quarteto Fantástico em vez de aprender com os erros, o novo longa dos heróis os comete na mesma proporção.

Cotação 2/5