A Dama Dourada (Woman in Gold)

Direção: Simon Curtis

Elenco: Helen Mirren, Ryan Reynolds, Daniel Bruhl, Antje Traue, Max Irons, Charles Dance e Katie Holmes

O roubo de obras de artes pelo exército alemão durante a segunda guerra mundial foi considerado um dos maiores crime contra a história da humanidade. Os milhares artefatos e obras encontradas em uma mina de sal em uma pequena cidade austríaca no final do conflito (mostrado recentemente em Caçadores de Obras-Primas com George Clooney) deu a magnitude do feito. Como amante das artes, Hitler via neste confisco uma vitória tão grande quanto às dos seus homens nas frentes de batalha pela Europa. Entretanto, a situação não terminou junto com o suicídio do Reich, pois uma peregrinação de batalhas jurídicas até hoje são travadas entre os herdeiros das famílias mortas pelo nazismo e grandes colecionadores de obras de arte que se beneficiaram dos espolio nazista.

Contudo o contexto e importância histórica é o lado mais importante deste “A Dama Dourada” protagonizado por Helen Mirren e Ryan Reynolds que se mostra bem irregular por uma série de clichês e maniqueísmos que compromete o filme como um todo. O longa dirigido por Simon Curtis (do também irregular “Sete dias com Marylin”) é incapaz de definir ou conciliar um tom em sua abordagem, pois o longa por vezes passa de dramalhão à aventura de maneira pouca orgânica, faltando até mesmo um pouco de sensibilidade para abordar os conflitos da protagonista, mesmo contando com um bom elenco que inclui o ótimo Daniel Bruhl.

Maria Altmann (Mirren) veio refugiada ainda jovem para os EUA quando os nazistas invadiram sua cidade e confiscaram os pertences de sua família, incluído aí um valiosíssimo quadro que retratava sua finada tia por quem tinha grande apreço quando criança. Décadas depois vivendo a rotina de seu pequeno Brechó ela tem a ajuda do inexperiente advogado Randy (Reynolds) para reaver o famoso quadro que se encontra em uma famosa galeria Austríaca e que por possuir um grande valor para o governo local, que impedirá a todo custo sua devolução.

Se Helen Mirren por vezes soa deslocada ao tentar fazer uma mulher até certo ponto despreocupada, mas ainda com a elegância que lhe característica, Ryan Reynolds apresenta um personagem que surge sempre caricato, atrapalhado e que tenta forçar uma preocupação e química com a personagem de Mirren que não funcionam. Interessante notar que o mais beneficiado disso tudo foi o próprio Randy que com a recompensa se tornou um famoso advogado indo de encontro ao dilema do personagem que não estaria ajudando Maria apenas pelo dinheiro. Contudo o bagunçado roteiro tenta justificar seus conflitos interno sem efeito devido à artificialidade do personagem , como podemos ver em determinada cena que Randy expurga suas dores pelo passado da família judaica de maneira pouco convincente.

Com roteiro baseado no livro do verdadeiro Randy Schoenberg, o diretor Simon Curtir erra também ao abordar com certa dramaticidade excessiva a questão do relacionamento dos personagens do passado da jovem Maria, principalmente quando usa recursos que infelizmente não funcionam como deveriam. Como podemos ver em várias cenas que a personagem já adulta interagindo com os parentes no passado de maneira pouco natural, expositivo demais e até desnecessário (onde seria mais interessante se ficássemos apenas com as lembranças da protagonista e não necessariamente “vivê-las” com ela constantemente). Ou na cena que a personagem de despede de um parente que vemos certa artificialidade na sequência, pois não é feita de maneira natural, apenas como algo para forçar o drama e criar uma rima com o final do longa quando ela volta ao local onde nasceu.

Contudo a reconstituição de época e a fotografia saturada para ratificar a invasão nazista são satisfatórias, assim como expor a dor das humilhações sofridas pelos judeus que eram tiveram suas vidas sumariamente invadidas pela intolerância do nazismo apoiado pela própria população. Mas quando que poderíamos pensar que a estrutura - já falha - se resumisse apenas procura pelo quadro e os contexto que traz nesta busca, A Dama Dourada  falha um pouco mais por se transformar em um drama de tribunal, onde transforma a suprema corte Americana em herói benevolente com direito a piadinhas vindas do Juiz vivido por Jonathan Pryce. 

A direção usa de todos os clichês e dramas para enfatizar o clima dramático de maneira mais forçada possível com diálogos tipo “Antes vim por mim, agora vim por ele” ou situações que parecem mais apropriadas a uma comédia teen, como na cena que após a decisão do tribunal a câmera se volta para os “vilões” e suas caras e bocas de tristeza pelo resultado.

Denunciando ainda mais a estrutura medíocre ainda temos as tradicionais explicações durante créditos do destino de cada envolvido nos fatos que naquela altura, apenas temos em mente a importância histórica que podemos consultar nos livros.

Cotação 2/5