O Jogo da Imitação (The imitation game)

Direção: Mortem Tyldum

Elenco: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode, Mark Strong, Rory Kinnear, Matthew Beard e Charles Dance.

Mesmo com a segunda guerra mundial como pano de fundo de suas ações, a maior batalha em “O jogo da imitação” -- baseado em fatos reais da vida de Alan Turing -- é realmente aquela deflagrada dentro do seu protagonista.

Um homem eternamente em conflito com quem o cerca, sofrendo em silêncio com o preconceito da sociedade por sua natureza. Mas que seus atos – ocultados durante décadas – foram de grande importância para a historia da humanidade.

Inicialmente desafiando o espectador com fosse um longa de mistério, “O jogo da imitação” desfaz rapidamente esta questão para estudarmos o protagonista, quando este surge confrontando o comandante da marinha britânica durante uma entrevista de trabalho para um função secreta em uma vila militar do interior da Inglaterra.

De início já ficamos admirados com o desempenho de Cumberbatch: um matemático solitário, homossexual e com intelecto acima do comum (ou abaixo da media dos gênios como ele exemplifica). Um homem que pode soar arrogante com sua sinceridade e inteligência, incapaz de olhar nos olhos de seu confrontado e por às vezes com atitudes infantis (como fechar a porta ao se esconder), mas acima de tudo íntegro.

O roteiro é exaltado com os bons, divertidos e cínicos diálogos entre Alan (Cumberbatch) e o Comandante Denniston, interpretado pelo sempre ótimo Charles Dance (inexplicavelmente fora do terceiro ato do filme), que contrata Alan para decifrar uma máquina que codifica as ordens do exercito alemão (que poderia significar o fim da guerra o mais breve possível).

Neste ponto Alan ainda é um personagem seguro e sem ter certa noção do cenário de tensão que o cerca. Que não mede esforços e hierarquias para alcançar sua meta pessoal: um desafio à altura de seu intelecto personificado na tal maquina nazista.

Estruturalmente medíocre (incluindo textos explicativos nos créditos) somos apresentados as suas motivações através de flashback, e assim vamos conhecendo um pouco da infância e a descoberta do amor. Este sentimento é evidenciado pelo fato de Alan dar o nome do amado a maquina que constrói para decifrar os códigos.

Segundo os historiadores tal fato não aconteceu, mas que aqui serve ao propósito do filme, criando a metáfora necessária do quebra-cabeça causado pelas sensações de vida e morte, até aquele momento, incompreensível para ele.

Entretanto o diretor Mortem Tyldum peca um pouco na sua montagem, pois enquanto acompanhamos com curiosidade a atuação de Alan e sua equipe na construção da maquina, o filme desfaz algumas vezes a empolgação para mostrar o passado de Alan. Assim com posicionar constantemente o público na época que se passa determinado cenas como não confiassem na capacidade do espectador de identificar os saltos no tempo.

Todavia a direção acerta usando maneira econômica imagens em preto e branco da guerra, inclusive do próprio Churchill, evidenciando o caráter introspectivo do filme, completado pela boa reconstrução de época para os planos mais fechados.

O elenco de apoio liderado por Keira Knightley é funcional. E mesmo que a personagem Joan Clarke (Knightley) tenha uma importância como elo entre Alan e Alexander (Goode), a atriz não consegue tirar muito da personagem (realmente verídica) tão importante para a estória. Entretanto , assim como temos no inicio o Comandante Denniston, o personagem Stewart Menzies (Strong) mostra-se um personagem forte e confiável principalmente durante o terceiro ato.

Mesmo em sua conclusão, ratifica sua abordagem no protagonista, mas tropeça ao querer trabalhar conceitos (como maquina x homem x pensar) sem muita profundidade e uma subtrama policial – mas que não compromete o filme como um todo. O protagonista e sua história falam por si, evidenciando sua dor física e psicologia devido ao preconceito e ignorância.

Cotação 3/5