Whiplash - Em busca da perfeição

Direção: Damien Chazelle

Elenco: Miles Teller, J.K Simmons, Paul Reiser, Melissa Benoist , Austin Stowell, Nat Lang e Chris Mulkey.

 Whiplash - Em busca da perfeição, é um filme que se move no ritmo da bateria, calcado em grandes sucessos do Jazz e na presença de J.K Simons, tornando uma agradável surpresa mesmo com algumas pequenas desafinações que não chegam a atrapalhar seu resultado como um todo.

 Encurralado em conjunto com a bateria, vivendo um relacionamento de amor e ódio com o instrumento, Andrew (Teller) passa horas treinando inspirado no baterista Buddy “The Monster” Rich. Vivendo na rotina da cidade grande -- cercado por ritmos que não lhe agradam -- ele sonha em passar em um conceituado conservatório de musica e alcançar o sucesso.Todavia terá de enfrentar o famoso professor Terence Fletcher (Simmons), que aparentemente se surpreende com a habilidade e dedicação do garoto.

 Incialmente o roteiro do próprio diretor, trata a questão com o tradicional relacionamento do velho mestre com o promissor aluno, baseado em uma história de inspiração e vontade de seus ídolos. Mas o destaque -- junto com a trilha sonora -- é o Professor Terence Fletcher, interpretado pelo sempre ótimo J.K Simmons, ele é dono das melhores tiradas e que já na primeira aparição surge como uma figura forte, amedrontadora para Andrew e carismática para o público.

 Ele se mostra um professor de gestos rápidos, elegantes e olhar severo ao conduzir sua orquestra, mas altera os raros momentos de incentivo com altas cargas de pressão psicológica, agressões físicas e raciais com seus comandados, se tornado um Sgt. Hartman de “Nascido para Matar” da música.

 O mestre não mede esforços para atingir a perfeição e manter seu status de grande formador de músicos, inclusive usando qualquer brecha para desfazer de um que não goste, por este constantemente errar (e não conseguir identificar o erro). E que carrega a frustação de jamais conseguir surgir alguém como Charlie “Bird” Parker, o grande ídolo usado como metáfora para incentivar Andrew.

 O diretor Damien Chazelle conduz bem a inserções musicais, passeando com a câmera em volta dos músicos imergindo o espectador na aquela atmosfera dos ensaios. O filme pulsa no ritmo dos sucessos do Jazz (“Whiplash” e “Caravan”), que são massificados positivamente na mente dos espectadores, ajudando assim na identificação com o filme. Assim como os cortes rápidos sincronizando com as notas e viradas, misturando o suor (e sangue) do baterista ao instrumento, criando uma intimidade única.

 Mas quando o longa tentar atingir ao cenário pessoal do protagonista a direção perde um pouco o foco e desperdiça a chance de engrandecer o personagem e criar uma base melhor dos seus conflitos. Como por exemplo, no surgimento do interesse romântico do rapaz: a simpática Nicole (Benoist).

 Ela é uma menina sensível e mais extrovertida que Andrew -- que mesmo em um momento de lazer, faz questão de mostrar seus conhecimentos musicais. O encontro do casal dentro da lanchonete é um momento bem delicado, demostrando que a sintonia do relacionamento poderia ter sido mais bem trabalhada, pois o resultando acabou sendo abruto e não muito natural.

 Soa aleatório o conflito familiar de Andrew durante um jantar e por que não desnecessário para o contexto do personagem, uma vez que a o drama já foi explicado anteriormente quando Fletcher questiona Andrew sobre suas origens.

 Em seu terceiro ato, o filme desafina também ao criar situações inverossímeis, certa falta de mise-en-scène e uma polemica relacionada aos métodos de Fletcher, envolvendo um aluno do passado que teve um final trágico. Mas se vê claramente que este não era o foco do filme (pelo menos baseado no resultado).

 No seu clímax o filme retoma ao seu ponto forte apresentando um jogo interessante entre Andrew e Fletcher, engrandecido pelas musicas já conhecidas do público, onde sentimos a desacelerações junto com a bateria, misturadas novamente ao suor, sangue e aprovação.

 Cotação 3/5