A Teoria de tudo (The theory of everthing)

Direção: James Marsh

Elenco: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Charlie Cox, Harry Lloyd, Beryl Wilde e Maxine Peake

 

A maior virtude de “ A Teoria de tudo” é fortalecer com detalhes e uma abordagem sensível sem ser melodramática, uma história de superação conhecida de um homem que não se limitou a prisão de seu corpo. Todavia tal abordagem corre o risco de “romantizar” uma condição extremamente triste.

Quando um filme se propõe a ser biográfico, por mais conhecido que seja o retratado, novidades sempre serão apresentadas (verídicas ou não). E como “Teoria do Tempo” aborda um personagem cujo grande público desconhece detalhes mais particulares, a experiência se torna apreciável. 

A força de “Teoria de Tudo” é obviamente concentrada na excelente atuação de Eddie Redmayne como Stephen Hawking, usando de todos os artifícios para apresentar um personagem carismático e determinado, que assim como sua fonte de estudo (cosmos) esta em constante processo de implosão.

O bom trabalho de Redmayne é ratificado tanto pela sua construção física(ao se definhar com o papel), quanto pelo figurino que o deixa sempre escondido atrás de pesadas armações de óculos (sempre tortos) e cabelos desarrumados – jamais o transformando no padrão gênio nerd.

O personagem é engrandecido pela atuação de Felicity Jones como sua esposa Jane que se mostra uma jovem sonhadora, mas que abre mão do seu futuro para cuidar da família. O entrosamento dos personagens é interessante e bem construído, como podemos ver na cena que Hawking decide pela separação quando cientes que o relacionamento conjugal atingiu o limite – detalhe para esta cena quando o personagem hesita por um segundo antes de apertar o botão e decidir seu futuro, engrandecendo o momento , mesmo que estamos cientes da resposta.

O diretor James Marsh conduz bem o filme, principalmente por abordar toda a vida do seu protagonista evitando buracos no roteiro comum a longas biográficos, tornando as passagens de tempo sutis e bem pontuadas pela direção de artes ao contrário do “Jogo da Imitação”, que ratificava cada mudança de período.

O design de produção faz um bom trabalho na reconstituição de época, onde podemos destacar a fotografia com seu esquema de cores sutil. Como visto na cena no parque com um dourado realçando o relacionamento de Stephen e Jane em conjunto com o colorido dos fogos.

Destaque-se também o figurino e o cuidado com as cores de Jane. Inicialmente usando um vestido azul claro que ao poucos vai se perdendo na composição da personagem até a cor ser assumida pela futura esposa vivida pela atriz Maxine Peake.

Outro ponto a ser mencionado era a questão óbvia da religiosidade, personificada no personagem Jonathan (Cox) que seria o “adversário de Deus” contra a Genialidade humana de Hawking. Todavia ciente do interesse dele em Jane o filme prolonga algo que o público sabe que vai acontecer.

Mas interessante é abordagem levemente cômica em algumas passagens em que o roteiro não usa a doença de Hawking para transforma-lo em um homem deprimido ou indiferente ao mundo, mas um homem que brinca como os filhos, amigos e sobre sexualidade. Assim como a criação de rimas como o fato de Hawking comentar que não é um astro da música, contrastando com sua chegada nos EUA.

Entretanto tal decisão –  como dita anteriormente – pode amenizar ou transformar uma doença grave e rara em algo banal. O que seria uma questão polêmica e contraditória principalmente por sabermos que a “prisão sem muros” em que vive Hawking não tem nada de vantajoso ou poético (vide filmes como “Mar Adentro”).

Outra decisão é o fato do uso de imagens de câmera 8 mm ,que se já se tornou um certo clichê e incomoda. O roteiro Anthony MCcarten baseado no romance de Jane Hawking se excede em ato final de maneira abrupta e com um moralismo desnecessário e forçado.

Mesmo assim acredito apesar de tudo que “ A Teoria de Tudo” cumpre seu papel de ratificar a essência onde a vitória do homem foi surpreender a todos e se tornar um das maiores mentes da historia contemporânea, cuja maior realização tem sido viver.

Cotação 3/5