The Rover - A caçada

Direção: David Michôd

Elenco: Guy Pearce, Robert Pattinson e Scott McNairy

 

  Inicialmente “The Rover” me agradou pela premissa, ambientalização, direção e roteiro, muito influenciado pela tradição do cinema australiano, mais precisamente os Road Movies de baixo orçamento do final dos anos 70, mas que aos poucos foi demonstrando seus erros e no final se apresentou como um filme irregular, que tendo uma direção mais experiente e firme, poderia ter seu resultado mais elogiável.

  E neste contexto, somo apresentados em uma silenciosa sequência ao personagem sem nome de Guy Pearce, dentro do seu carro empoeirado, vagando pelas estradas dos desertos australianos, 10 anos depois de um colapso mundial (Financeiro), onde a vida e costume do passado foram abandonados e o pouco do resquício de sociedade é simbolizado por poucos militares que tentam manter a ordem e pequenos comércios de comida, armas, combustível e até mesmo de prostituição.

  E este interessante começo é ratificado, quando paralelamente nos é mostrado a ação que moverá o protagonista: Uma fuga de um assalto mal sucedido, onde o carro do personagem de Guy Pearce é roubado, e tendo este carro um grande valor para ele, o mesmo parte em perseguição (deixando mais claro ainda a inspiração em Mad Max) aos bandidos pelas rodovias, em uma cena bem dirigida, sem exageros. Vale mencionar que ao contrário de Mad Max, combustível não é um problema.

  Neste momento, o filme do diretor David Michôd e roteirizado em conjunto por Joel Edgerton, realmente me abriu a curiosidade sobre as questões que até ali tinham se apresentado, principalmente sobre o passado do protagonista, o que realmente seria este colapso e o que teria de tão importante no carro para por em risco sua vida.Claro que não é um obrigação que todas as respostas fosse dadas, e que o fato de apenas termos uma ideia da origem do personagem principal, e o colapso financeiro é algo com grande participação chinesa (ocasionou ou se aproveitou), não foram suficientes para segurar o ritmo até o fim.

  Mas muito por culpa da direção que não soube aproveitar melhor a oportunidade criada e que não soube conduzir o filme, quando o mesmo se tornou um Road movie , onde o personagem Rey (Robert Pattinson), que com pequenos problemas mentais, é dado como morto pelo irmão em fuga e ajudado por Pearce, com o único intuito de leva-lo ao irmão e recuperar seu carro.

  A partir daqui a queda e ritmo do filme é grande.Temos até algumas boas sequências: Quando Rey é atendido pela médica (Dorothy Peeples) e são surpreendidos por chineses em busca de vingança e o outro tiroteio dentro de um motel, que confirmou a boa edição de som e acertada decisão de não tornar as cenas em algo corrido, mas sim seco e que não se prolongasse muito. Também temos belas tomadas dos desertos australianos, aproveitando à imensidão e isolamento, mas a dinâmica entre os personagens principais, apesar do bom trabalho que os atores entregam, não funciona muito bem quanto deveria prejudicado pela montagem que quebra o ritmo da viagem para desenvolver o relacionamento dos dois, que já percebemos não esta dando certo.

  Ainda nos restava ainda às questões levantadas no inicio do filme, e assim ficamos sabendo do trauma familiar e dor do protagonista, dentro de um diálogo entre ele e um militar que é até interessante pela questão abordada. E no clímax, onde finalmente teremos o fim da busca, o roteiro toma decisões, que de antemão o espectador sabe não seria a mais correta e que foi tomada com o único intuito de criar um conflito e com um fim previsível.

  O filme ainda tenta de maneira nada convincente, tentar dramatizar através do irmão mais velho, o quanto o personagem de Guy Pearce teria influenciado nas atitudes de Rey, que mesmo sendo bem intencionada, se apresentou de forma pouco identificável.  Assim quando nos é mostrado o motivo do apreço do protagonista por seu carro, sendo surpresa nenhuma que seria algo ligado ao seu passado, além de não era a motivação que todos talvez esperassem , ficamos realmente pensando se valia a pena ou não todas estas atitudes.

Cotação 2/5