Dublagens-Parte 2

Nesta segunda parte dedicaremos este espaço para relatar alguns contrassensos e as reações do público quanto à dublagem, principalmente de acordo com a região, além da proposta para amenizar essa situação enfadonha que se instalou nos cinemas.

Uma rede exibidora na região serrana do RJ , teve a infeliz capacidade de dizer que preferiu passar determinado filme dublado, porque acharam que a velocidade das legendas atrapalhariam a apreciação do filme. Repito: “Velocidade das legendas atrapalhariam a apreciação do filme”.  Afirmar isso é ofender a inteligência e a capacidade cognitiva das pessoas! 

Eu vou ao cinema desde meus seis anos de idade e hoje tenho o costume de redigir pequenas anotações ao longo dos filmes que assisto sem jamais deixar de admirá-lo por causa das legendas. Bem, ou as pessoas realmente estão com preguiça intelectual, ou eu sou uma pessoa dotada de QI acima da média (o que acredito infelizmente não ter).

Com relação a um de comercial de banco exibido antes do início das sessões que utiliza cenas do filme do Charles Chaplin, era de praxe nos filmes não falados – entre uma cena e outra – a aparição de um texto para narrar os acontecimentos. Neste caso, o banco usa esse artifício para explicar os procedimentos de segurança dentro da sala de cinema (não fume, desligue os celulares etc.) tal como na cena em que o personagem corta o fio de telefone que se traduz para “desliguem os celulares”.

Pressupõe que você leu e entendeu a mensagem e, como toda pessoa educada e com bom senso, obedecerá ao comando. Mas podem acreditar: determinados cinemas dublam esta simples mensagem (Menos de Quatro palavras!). Questiono se é preciso realmente reproduzir em voz alta ao público presente, sendo isso chamar o público de semianalfabeto com sua aprovação.

Tomando a cidade do Rio de Janeiro como base, é possível extrair uma amostra do que acontece no restante do país e se não for o caso, o cenário é pior do que imaginava. Os casos aqui expostos "somente" acontecem em cinemas da zona norte,oeste, interiores e baixada, ou seja, esses cinemas exibem quase que 100% de filmes dublados.

Enquanto que na zona sul do Rio de Janeiro, a maioria dos filmes ainda é transmitida com o som original. Assim, quem mora numa área nobre teria mais capacidade de compreensão em relação àquele que mora no "subúrbio" ou interior? Acredito que não, mas as redes pelo jeito tem essa opinião. Os filmes dublados ainda não invadiram os cinemas da zona nobre justamente por causa da conscientização e respeito do público pelo cinema, uma vez que vários cinéfilos em geral como: artistas, críticos, produtores culturais ,formadores de opinião ou pessoas que simplesmente gostam de cinema, residem nesta região.

Muito me irrita a covardia das distribuidoras, redes de cinemas, estúdios de dublagem em adestrar o público, usaren o descabido argumento que a preferência por legendas e som original somente são de pessoas preconceituosas ou elitistas, que não querem que pessoas de camadas sociais mais baixas ou o povão não tenham acesso à cultura. Absurdo total! Eu não moro num bairro nobre e jamais vi um filme dublado nos cinemas, nem quando era criança, portanto, não faz sentido essa linha de argumentação.

Com exceção do Pablo Villaça, jamais constatei outros críticos abordarem o assunto de maneira contundente e direta em seus textos. Talvez pela possibilidade deles residirem em bairros que ainda não sofreram a avalanche da dublagem... Talvez! Prefiro acreditar inocentemente assim.

Aquele que não gosta de legendas não significa que é preconceituoso, mas apenas que ama o cinema e deseja assistir um filme tal como ele foi concebido pelos seus realizadores. Ademais, não podemos esquecer jamais que ao ver um filme legendado não decorre da sua classe social, mas tão somente de ler.

Por fim, para nós amantes do cinema, apenas clamo que reclamem e perturbem as redes de cinemas, argumentando que existem sim milhares de pessoas que preferem assistir ao filme tal como foi concebido. Realmente eu acredito nisso, pois constato nas redes sociais várias pessoas reclamando da dublagem como ocorreu em uma rede da região serrana do Rio de Janeiro, em que o nome do cinema foi parar numa nota de repúdio do site Cinema em Cena e, consequentemente, substituíram por uma sessão legendada. Ainda é muito pouco, mas foi um belo (re) começo!