Éden (Eden)

Direção: Mia-Hansen-Love

Elenco: Felix de Givry, Pauline Etienne, Vicent Macaiqne, Hugo Conzelmann, Zita Hanrot, Roman Kolinka e Greta Gerwig.

Anunciado como “Um filme que todo fã de musica eletrônica deveria ver”, o longa metragem “Éden”, talvez realmente necessite da uma premissa musical do espectador para poder reconhecer suas qualidades como filme - mesmo que tal característica seja um equivoco na questão da identificação cinematográfica. Mas mesmo que o problema se restringisse apenas a este item, isso não ocultaria os excessos do roteiro e personagens desinteressantes e por vezes chatos que compromete boa parte de seus longos 130 minutos.

Claro que não podemos refutar ou termos qualquer tipo de preconceito com a intenção da diretora Mia-Hansen-Love em apresentar o panorama musical eletrônico do inicio doa anos 90 até os dias atuais, através dos olhos do protagonista Paul Valee (Givry) e seus amigos. Todos incluídos na dura rotina de decepções e dificuldades (será?) para alcançar o sucesso nas noites francesas; e  vamos conhecendo um pouco destes elementos (assim como seus conflitos e dilemas pessoais) que compunham tal cenário.

Todavia nesta abordagem podemos apontar um dos problemas do roteiro: tratar tais personagens, além de imaturos e com motivações rasas, mas por vezes drogados - ratificado pelo fato de a cada inicio de cena algum personagem surge usando-as. Não que seja algo incomum para o meio, mas o longa não consegue focar realmente sua intenção de apresentar este mundo “pouco visto”. E até mesmo abordar temas mais pesados - como a depressão - se tornam no mínimo diluídas dentro do contexto, e a trilha sonora (que deveria ser um ponto forte) consegue apenas poucos bons momentos.

A direção não consegue trabalhar de maneira eficaz e coesa os dilemas dos envolvidos, prejudicado ainda mais pela montagem que faz com que o filme soe como um amontoado de cenas sem muita conexão, mas ao contrario “Boyhood” por exemplo, tais cenas não empurram o filme para frente, se tornando gratuitas e cansativas em certa altura do filme.

Mesmo assim, o filme tenta imprimir um ritmo mais ágil com movimentos de câmeras que acompanham o protagonista, tentando conferir ao espectador uma intimidade ao acompanhar a narrativa. Assim como o recurso de inserção de animações e bonitas imagens sobrepostas para contar um pouco do que sente o protagonista e seus relacionamentos, mas sem conseguir causar o impacto desejado (contando aqui com a participação da eterna Frances Ha, a sempre carismática Greta Gerwig).

Mesmo não sendo grande conhecedor do estilo garage, podemos identificar - através de um exercício de metalinguagem- o fato de o próprio roteiro criar o paralelo entre o real e a ficção na figura do Daft Punk, sendo interessante para os fãs mais comprometidos identificar tais referências à dupla francesa como trecho de sucessos, elementos que influenciam o visual dos famosos DJ’s e até mesmo o uso da figura dos dois como alívio cômico.

Ratifico que independente de gostar ou não do estilo musical, é fácil se perder e ficar desatento com as idas e vindas dos personagens e consequentemente sua imersão dentro daquele universo. Assim “Eden” se torna uma experiência frágil em sua narrativa e abordagem à este universo musical dinâmico e contemporâneo.

Cotação 2/5