Run & Jump (Run & Jump)

Direção: Steph Green

Elenco: Maxine Peake, Will Forte, Edward MacLiam, Sharon Hogan, Brendan Morris e Ciara Gallhager

Com poucos minutos de projeção fica evidente que a inspiração do longa “Run & Jump” é mesmo “ A Pequena Miss Sunshine”, e para isso motivos para isso não faltam. Todos os elementos humanos e narrativos na produção de 2006 são encontrados neste filme da diretora Steph Green, com pequenas variações de contexto: Garotinha que vive em um mundo de fantasia, um parente a lidar com sua homossexualidade (aqui o sobrinho), uma mãe como centro nervoso da família, um avô representando a perda, veículo amarelo (utilitário em vez de uma Kombi) e até mesmo a questão das drogas.

 

Contudo, “Run & Jump” não possui a mesma simpatia do filme que o inspira, por talvez não conseguir trabalhar várias frentes dos dilemas internos dos personagens de maniera coesa e integrada – que “Pequena Miss Sunshine” fez tão bem por se tratar de um Road movie – e ainda perdendo um pouco do impacto por não sair do óbvio em suas resoluções dos personagens em conjunto.

Todavia, mesmo com tais características ainda é possível apreciar o longa quando o mesmo trabalha de maneira diferente alguns elementos , principalmente na questão visual (fotografia sempre amarelada), um design de produção bem feito e nas boa atuações do seu elenco. Elenco este liderado por Maxine Peake fazendo o papel de Vanetia, uma mulher alegre e decidida (“hipótese não entra na minha casa”) tendo que se acostumar com a nova condição do marido Connor (MacLiam) depois que este retorna para casa após um período de internação devido a um derrame.

A rotina da família é acompanhando pelo Dr. Ted - vivido de maneira chata por Will Forte e caracterizado com Steve Carell em PMSS - que filma o dia a dia de Connor como parte de seus estudos. Assim o roteiro da própria diretora começa a se entregar um pouco ao óbvio, onde o estreito convívio de Ted com a família desperta nele o sentimento por Vanetia  e os filhos – algo que jamais sentiu.

O desenvolvimento da trama ainda rende bons momentos, principalmente quando o foco não é o núcleo principal. Temos o exemplo da pequena Noni (Gallhager), uma menina que sempre surge sempre fantasiada como algum bicho, mas que aqui ao contrario de Abigail Breslin, é usada somente como o toque fantasia e contra ponto ao rígido e antipático Ted. Outro ponto interessante é abordagem dado pelo filme a questão homossexual vista na figura de Lenny (Morris) –  um jovem que vive em conflito pela situação do pai (que o refuta por ser gay) e pelo Bullying sofrido na escola, mas que neste caso a direção encontra uma boa e divertida saída para o conflito.

Durante seu terceiro ato a direção tenta trabalhar o triangulo amoroso - quando Connor tem seus relapsos sexuais - ao mesmo tempo em que Vanetia se envolve com o Ted. Mesmo que não soe tão identificável, não se torna um problema pela a boa atuação de Maxine que consegue conferir o peso dramático para o dilema da personagem dividida entre o passado sem volta e as possibilidades de um novo relacionamento.

Mas o roteiro força um sentimentalismo quase adolescente ao usar um recurso de imagens das gravações de Ted para engrandecer sua paixão platônica. Assim como referenciar novamente “A Pequena Miss Sunshine”, ao passar em seu final uma mensagem de motivação (“Mesmo diferente, o contexto familiar é o mais importar na vida”).

“Run & Jump” não é um filme ruim, mas que talvez pela irregularidade, certa falta de simpatia (mesmo que tente isso todo tempo) um ou outro problema na construção de um personagem e umas emulações exageradas por outro filme, pesem no seu resultado final.

Cotação 3/5