Tomorrowland - Um lugar onde nada é impossível

Direção: Brad Bird

Elenco: George Clooney, Hugh Laurie, Britt Robertson, Raffey Cassidy, Tim McGraw, Kathryn Hahn e Thomas Robinson.

Brad Bird se tornou capaz de expor sua liberdade criativa ao criar obras, que vão além de simples animações e com grande sensibilidade como “Up” (produzindo), “Os Incríveis” ,“Ratatouille” e "Gigante de Ferro" - este três últimos na direção - , que independente da faixa etária, suas abordagens atendiam a todos de maneira única e particular.

Assim neste “Tomorrowland”, o diretor novamente apresenta este mesmo contexto em um longa de aventura Disney com mensagens sobre o futuro do planeta e meio ambiente, mas que ao contrário dos anteriores fica dividido em sua estrutura. Entretanto eventuais problemas que venha a surgir são “aceitáveis” caso desconsideremos algumas premissas e abracemos a causa sem medo.

Quando conhecemos o jovem Frank Walter (Robinson) somos apresentados a um garoto astuto e inteligente que chega à feira de ciência para apresentar seu projeto de foguete portátil, e acaba assim conhecendo a pequena Athena (Cassidy) e um novo mundo altamente tecnológico, - cujos logradouros lembram grandes nomes da história da humanidade como Einstein e Tesla. Entretanto ao mostrar paralelamente a figura de Frank já adulta (Clooney) falando in off ou diretamente ao espectador estamos ciente que algo de grave ocorreu – aqui já podemos confirmar a boa presença de Clooney que não comete excessos e se entrega ao projeto sem qualquer restrição.

De imediato já identificamos o tom dado ao longa escrito a várias mãos. Com seus diálogos expositivos e didáticos vemos é notório qual a direção que o filme quer percorrer (incluindo um aí relógio com contagem regressiva) durante excessivos 130 minutos – um dos primeiros pontos que entrega a falta de equilíbrio. Ou seja, uma obra recheada de questões morais de fácil absorção para o público mais novo. E como prova cabal da "inocência" do filme, podemos simbolizar tal questão como a personagem Athena (Cassidy) que devido seus sentimentos para com Frank, poderiam facilmente serem taxados com olhos mais recriminadores.

Outro exemplo é quando em sua metade o longo ciente que talvez parte do público esqueça o ocorrido até então, posiciona o espectador com a imagem do jovem Frank quando criança (dizendo: “Este adulto amargo e chato era aquele garotinho fofo do início do filme, lembram?”). A montagem inicialmente pode causar certo “excesso” de informação por não se manter linear como as animações citadas no início, quando somos apresentados paralelamente a Casey Newton (Robertson), trabalhando em conjunto com Frank adulto - A sensação que fica é de que o longa se convence que é algo (uma aventura) para em seguida, como esquecesse para onde estava indo e tentar amadurecer sua narrativa para em seguida voltar ao que é em sua essência.

Assim a direção tenta conferir um tom mais sombrio representado na figura de Clooney, e quando Casey começa a ter visões e parte em busca da cidade o filme se entrega as típicas aventuras Disney (Novamente: não é um erro, apenas questão de não assumir integralmente tal conceito). E neste quesito a direção de artes cumpre bem seu papel a mostrar uma bonita cena de um mundo utópico, sem distinção de raças, credos ou classes. Um planeta este que mesmo adulto, nos colocamos no lugar da protagonista e viajamos junto com a câmera em toda sua exuberância; imaginando se realmente aquilo um dia será possível - que infelizmente com a ignorância do mundo cada dia mais retrógado, teocrático e adverso à ciência fica difícil de acreditar!

Outro grande exemplo da “divisão do longa” é uma sequência que se passa numa loja de artefatos com referências da TV e cinema que somente os mais velhos talvez conheçam, com por exemplo “O dia que a Terra parou”, “Perdidos no Espaço” e até mesmo “Star Wars”. Tais referências e gags com tais elementos não funcionam como deveriam, por talvez por o público ficar mais interessado na aventura principal. Uma aventura que durante seu terceiro ato se torna ainda mais moralista e politicamente correta, cujo vilão representando na figura de Hugh Laurie, surge de certa maneira não maléfica, mas opositor de uma causa comprovadamente coerente e perdida.

Assim, em sua resolução acredito que “Tomorrowland” tenha cumprido seu objetivo em entreter e passar uma mensagem para uma causa que somente as crianças - e as esperanças que nela depositamos - possam nos salvar de um mundo sem amanhã. Basta, claro se como adultos estivermos atentos a tal mensagem - algo que neste caso tenho que concordar que não estamos fazendo.

Cotação 3/5