Sob o mesmo Céu (Aloha)

Direção: Cameron Crowe

Elenco: Bradley Cooper, Emma Stone, Bill Murray, Rachel McAdams, John Krasinski, Danielle Rose Russell, Danny McBride e Alec Baldwin.

Nas obras do diretor Cameron Crowe não é incomum nos depararmos com situações de naturezas diferentes entre seus temas, que podem ir de “Vanilla Sky” a “Compramos um Zoológico”. Entretanto, mesmo em suas obras mais famosas (“Quase Famosos”e “Jerry Maguire”) em que temos abordagens mais contextualizadas, jamais ficamos indiferentes ao carisma de seus personagens e na direção agradável e segura de Cameron sempre auxiliado por uma ótima trilha sonora. Assim neste Sob o mesmo Céu (Aloha no original), saímos do cinema com uma sensação de leveza, graças ao envolvimento com aqueles indivíduos, onde por vezes esta identificação torne assuntos de grande relevância apenas em pano de fundo, prejudicando qualquer discussão que possa a vir.

Em sua primeira sequência já notamos a direção de Crowe se fazendo presente, quando conhecemos o militar Brian Gilcrest (Cooper) chegando ao Havaí para trabalhar para o milionário Carson Welch (Murray) que assumira financeiramente a NASA . Ao mesmo tempo conhecemos a intrépida Sgto Allison Ng (Stone) que nutre admiração por Gilcrest, sendo que este ainda tem sentimentos por sua antiga namorada Tracy (McAdams), agora casada com o sisudo e calado John (Krasinski). E o diretor faz questão de deixar bem claro a confusão destes relacionamentos com um travelling no personagem principal envolvido por aquelas mulheres que representam seus sentimentos difusos durante uma discussão entre eles.

O roteiro do próprio Crowe não se preocupa com a premissa destes personagens tão pitorescos que parecem ter saídos de um filme de Wes Anderson, mas sim como eles se relacionam. Por momentos eles se interagem entre si de maneira leve mesmo sem diálogos, com nas engraçadas sequências entre Gilcrest e John e na ocorrida dentro da boate entre Allison e Welch. E como não poderia de ser Emma Stone é o principal combustível desta abordagem, onde em apenas poucos minutos somos captados pela doçura desta intrépida e espiritualizada personagem que independente da polêmica pelo fato da atriz interpretar uma havaiana (no caso 1/4 de havaiana e mãe Sueca como ela deixa bem claro), conseguimos ser atraídos pelo seu carisma todo o instante.

Cameron Crowe abusa de movimentos de camera ao apresentar seus personagens, como na apresentação de Allison num rápido close ou quando conhecemos o personagem de Bill Murray que a câmera percorre todo o local até centralizar no ator ratificando todas as homenagens a  ele. O diretor também mostra sua qualidade por constantemente usar planos longos, querendo que o espectador se envolva não somente com aqueles indivíduos no primeiro plano, mas também com o cenário que os cerca aos fundo e consquentemente engrandecendo a narrativa.

Evidentemente alguns pontos falhos são passíveis de discussão: A situação da iniciativa privada no controle do espaço se tornar algo de escala menor no filme e sendo usada até como metáfora romântica do protagonista enfraquece a discussão; assim como a questão do Havaí como estado americano contrariando a vontade dos moradores mais tradicionais (“Havaiano de nascença, Americano por obrigação”) que se torna apenas motivo para conhecermos aqueles moradores simpáticos e seu modo de viver. Outro exemplo que demostra talvez um falta de cuidado maior no roteiro é quando a direção usa uma resolução frágil e simplória envolvendo Mitchell e os objetivos da agencia espacial.

Entretanto, como dito anteriormente, a direção de Crowe ameniza tal peso com sua direção se focando nos seus indivíduos, ratificando com o fechamento do arco dramático na bela cena envolvendo Gilcrest e a jovem Grace (Russell). Assim se o espectador realmente conseguir abrir mão do contexto geral e se deixar levar por seus integrantes (mesmo soando um pouco desconectados da realidade), auxiliado pela direção, terá uma empatia pela obra durante um bom tempo.

Cotação 4/5