Tempo de Despertar (Awakenings)

Direção: Penny Marshall

Elenco: Robin Williams, Robert DeNiro, Alice Drummond, Julie Kavner, Penelope Ann Miller, John Heard e Ruth Nelson

Baseado no livro do neurologista e escritor Oliver Sacks (falecido recentemente em 30/08),Tempo de Despertar levou as telas no início dos anos 90, o drama de pacientes em estágio catatônico de encefalite que durante décadas ficaram aprisionados em seus corpos sem qualquer reação ou interação com o mundo. Mas com a dedicação do Dr. Sayer (Williams) e com um medicamento experimental, os pacientes conseguem resultados inimagináveis até hoje um marco na medicina: fazer que tais pessoas despertassem de seus estágios de demência e começassem como em um passe de mágica, a recuperar o controle de seus movimentos a ponto de conseguirem interagirem normalmente com o mundo ao redor.

A diretora Penny Marshall (do clássico eterno Quero ser grande) faz um belíssimo trabalho ao mostrar com sensibilidade os dramas daqueles indivíduos cujas lembranças estão presas em seus corpos em uma das mais punitivas doenças que existe: A encefalite letárgica. Estes pacientes são representados também na figura de Robert DeNiro numa entrega magnífica ao compor seu Leonard Lowe, que ainda criança descobriu a doença que o privou de uma vida inteira de alegria, tristeza e amores. A direção ainda consegue com delicadeza e certo humor - sem ofuscar o contexto da doença - acompanhar o desenvolvimento dos outros pacientes como Lucy (vivida pela veterana Alice Drummond) que mesmo incapacitada, demostra em poucos passos tudo aquilo que muitos nós deixamos de admirar. Ou também na sequência em que pela primeira vez em anos, os pacientes saem para dançar e interagirem com uma sociedade completamente nova para eles.

Assim o grande mote de Tempo de despertar, é realmente servir de exemplo para as pessoas que ao contrário daquelas retratadas no filme, se perderam no vazio da existência sem notar os pequenos gestos do cotidiano que, estes sim, tornam nossa vida realmente importante. E cabe a cada um de nós aproveitarmos-lhes da melhor maneira, em vez de apenas dar o devido valor quando os perdemos - e também um alerta contra uma doença até hoje sem que a medicina saiba sua causa.

Contudo o grande fio condutor é realmente Robin Williams interpretando o Dr.Malcolm Sayer servindo como prova de todo o talento do ator cujo drama da depressão foi revelado após sua morte em 2014. O ator demonstra as características que tornaram comum em seus filmes e reflexo da sua vida pessoal: um homem que possui uma extrema sensibilidade em ajudar aqueles que o cercam, mas que carrega em si toda dores da crueldade que a depressão pode causar.

Assim como Robert DeNiro, a composição de Williams é fabulosa, pois em nenhum momento deixamos de sentir certa compaixão transmitida pelo carisma do personagem, que mesmo tímido e recluso, mostra dignidade exemplar em querer ajudar aqueles que mais precisam. O gestual do ator é único, pois quase sempre o vemos com um sorriso, mas com os braços e pernas encolhidos, demostrando toda sua timidez e necessidade de se proteger do mundo que o cerca (tornando a aproximação da enfermeira interpretada pela atriz Julie Kavner, em algo singelo e doce como o próprio personagem).

Um filme para ser visto e se emocionar...