Ano: 1987

Direção: John McTiernan

Elenco: Arnold Schwarzenegger, Carl Weathers, Elpidia Carrilo, Bill Duke, Jesse Ventura, Sonny Landham, Shane Black e Kevin Peter Hall

      Escrever sobre “O Predador” é para mim é uma grande satisfação – sendo este um dos grandes filmes que tive o privilégio de ver nos cinemas nos anos 80 – e incontáveis vezes na TV , VHS e atualmente DVD e Blu-Ray. E cada revista mais empolgado ficava com este clássico de ficção ação e presenciar Schwarzenegger no auge – e paralelamente o nascimento de uma das mais icônicas criaturas do cinema.

      Como estamos nos anos 80 não podemos deixar de comentar todo estereótipo da época: equipe de militares altamente treinados chamados para uma missão de resgate – no coração de uma Floresta. Neste instante com a câmera afastada vislumbramos a equipe desembarcando em uma praia até que o personagem Dutch (Schwarzenegger) – com seu indefectível charuto – surja lentamente, dominando a cena como o líder da alcateia que não tem noção do que os espera.

      Em seguida presenciamos o encontro de Dutch e Dillon (Weathers) em uma cena emblemática que dá o tom do filme: Os dois exibem seus músculos em uma queda de braço, como estivessem dizendo para o público “Isso aqui é filme de Macho!”. Sendo o clima sexista confirmado quando a única personagem feminina– a refém Anna (Carillo) – surge sempre suada, suja e sendo arrastada pela floresta. E claro as piadas nem sempre engraçadas envolvendo vaginas contadas por Hawkins (Black).

      John McTiernan (Duro de Matar) mostra toda sua competência ao criar e se aproveitar do clima claustrofóbico que as florestas da America Central proporcionam, jogando o público naquela atmosfera úmida e abafada onde em nenhum momento perdermos a percepção do que esta acontecendo – algo raro hoje nos filmes do gênero – com os militares antes indestrutíveis– sendo eliminados um por um.

      Em uma decisão que sempre traz bons resultados, o diretor evita o máximo possível mostrar a criatura por completa até que seja necessário – seguindo a cartilha de filmes como “Tubarão” e “Alien”. Sendo assim, vamos conhecendo o alienígena aos poucos com seu visual misturando aspectos primitivos, garras retráteis, laser, camuflagem– que o torna quase imperceptível aos olhos humanos – conhecimentos de medicina de guerra, uma genial visão infravermelha através de uma câmera sempre subjuntiva – e claro os famosos dreads.

    Inclusive ficamos sabendo após um tiroteio – que o sangue da criatura é verde – motivando uma celebre frase de efeito do filme dita por Schwarzenegger virando-se para a câmera: “Se sangra, podemos matá-lo”. O público vibrava!

      E matar, o Predador (Kevin Peter Hall) faz das mais variáveis possíveis– que o diga os militares da equipe que servem de vítimas: Dillon teve seu braço arrancado (Ironia não?),Mac (Duke) morreu com um tiro de canhão a laser em uma cena Gore e o seu melhor amigo Blain (Ventura) com um explosivo tiro no peito e o perceptivo Billy (Landham) – ao perceber o caminho sem volta– marca seu corpo para descobrimos que o alienígena além de matar gosta também colunas alheias.

      E no confronto final entre Predador e Ducth, o roteiro de Jim e John Thomas “estreita” o relacionamento dos guerreiros fazendo Dutch – sozinho e sem armas pesadas– apele para todos seus instintos primitivos para enfrentar com fogo e armadilhas o poderoso adversário – a cena da lama é clássica e muito bem conduzida.

      E quando pensamos que as surpresas tinham acabado o embate cara a cara atinge seu maior momento de tensão quando o alienígena diante de seu maior oponente revela sua face monstruosa para Schwarzenegger soltar mais uma frase de impacto: “Mas como você é feio” – para em seguida vermos a criatura em seu ultimo suspiro depois de derrotada mandar pelos ares boa parte da floresta com sua bomba termonuclear manual.

      “O Predador” definitivamente é um dos grandes filmes de ação-ficção dos anos 80– bem dirigido, montado e fazendo jus a sua fama.  E que a novas gerações vejam este clássico e não somente através de videogames ou sequências que não estão altura do longa original.

Curiosidades:

     O ator (Kevin Peter Hall) retornou ao papel da criatura na continuação Predador 2. Ele media aproximadamente 2,20 metros de altura– mas que nunca fica muito visível no filme provavelmente para não ofuscar Schwarzenegger (bem mais baixo).

    Nos extras do Blu-ray ou DVD, podemos ver cenas de bastidores Kevin Peter Hall, sendo preparado e vestindo a roupa da criatura. Vale a pena!

    Kevin Peter Hall infelizmente faleceu pouco tempo das filmagens do segundo filme de pneumonia. Ele se tornou soro positivo em uma transfusão de sangue.

    Como muitos devem saber Jean Claude Van Damme fez teste para viver a criatura no primeiro filme, mas como o primeiro visual do alienígena não foi aprovado – e provavelmente por o ator ser muito baixo – a ideia não foi adiante.

    Reza as lendas que o visual do Predador sem capacete é o contra ponto do visual do Alien de Ridley Scott.Pois a mandíbula do Predador seria uma alusão ao órgão sexual feminino, enquanto o Alien, o masculino.