Os Homens são de Marte... E é pra lá que eu vou

Direçao : Marcus Baldini

Elenco: Monica Martelli , Paulo Gustavo ,Daniele Valente, Edu Moscovis, Humberto Martins e Irene Ravache

 

     “Os homens são de marte... E é para lá que vou” é o primeiro filme desta leva de “Comédias Nacionais” que analiso de maneira mais “profissional”. E juro que tentarei fazer de maneira mais isenta e correta possível, mesmo que a tarefa seja das mais difíceis.

     Baseado na peça teatral de sucesso escrita pela própria Mônica Martelli ,o filme do diretor  Marcus Baldini (Bruna Surfistinha) expõe os “dramas” sobre  a falta de um relacionamento duradouro nas mulheres que sofrem o peso da idade e sociedade que exige delas a aparência de um casamento feliz.

     De início o filme expõe este “drama” e o mundo da protagonista Fernanda (Monica Martelli) com um letreiro de neon ao fundo (escrito Amor),e onde há canto ecumênico onde ela acende vela literalmente para todos os santos para melhor sorte nos seus relacionamentos. A mesma ainda divide os esforços sentimentais com seu escritório que organiza festas de... Casamento, onde somos apresentados ao seu sócio (Gay)Aníbal, interpretado pelo onipresente Paulo Gustavo, que apesar do seu feeling e rapidez para a comédia surge sempre caricato, dos pés a cabeça, auxiliado pela Nathalie (Daniele Valente) que tem uma atuação discreta e por muitas vezes ou quase todas desnecessárias, servindo apenas como “voz interior” e ombro amigo.

     O roteiro peca tanto no desenvolver da história quanto os personagens, como visto na própria Daniele Valente que auxilia Fernanda com seus dons esotéricos, mas que a protagonista em determinada cena usa os serviços de outra cartomante vivida pela Julia Rabello, para apenas--algo comum neste tipo de produção--dar espaço a rostos conhecidos de fácil identificação com o público. E ainda temos que ver atores do porte Herson Capri e Irene Ravache mal aproveitados e surgindo na tela de maneira artificial e caricata. Ah, ainda tem Humberto Martins, Marcos Palmeira (Em uma atuação contida ) e para finalizar Lulu Santos.

     A única que realmente tenta algo é a própria Monica Martelli (Fora o próprio Marcos Palmeira), que confortável no seu “próprio” papel, torna o trabalho de identificação de sua Fernanda um pouco mais aceitável, mesmo que na maior parte do tempo soe tudo artificial demais, meio comercial de Iogurte ou Margarinas que infestam  a TV : “Sou frustrada amorosamente, mas nasci em Copacabana, pego o Du Moscovis e mantenho meu corpo lindo (lindo mesmo) comendo Activia”... Sinceramente, não dá!

     Se falarmos da parte técnica então --se é que há a necessidade-- as coisas também não vão bem. Tirando as sequências ocorridas na Bahia --isso com muita boa vontade--de resto a fotografia é praticamente inútil, devido ao fato da montagem e direção não conseguirem tirar aquele gosto de enquetes de humor, jogando fora qualquer aspecto visual do filme, com as mudanças de ambiente aleatórias, comprometendo o ritmo do filme e o posicionamento junto com o espectador. 

     Fora que nas cenas dos sonhos, as mudanças das cores se tornam óbvias assim como sua concepção beirando a cafonice (Como na cena com Humberto Martins.).Tudo é expositivo demais--dos diálogos a direção de artes--, sendo quase que ofensivo a inteligência do espectador, como se tivesse que explicitar o obvio.No final, o longa ainda tenta passar alguma mensagem, com relação ao acaso, de não se apegar ou exigir tanto, pois se tiver que ser, será .etc. Mas muito pouco mesmo para salvar o filme como um todo.

     Enfim, em “Os homens são de marte...” tudo soa artificial (Nem sei quantas vezes usei esta palavra), com personagens caricatos, roteiro frágil e  preguiçoso e com final previsível. E com tudo isso, ainda dizer que o importante do filme é “fazer rir”, ou que é “Muito Bom” ou até mesmo usar a “identificação” da protagonista como desculpa, sinceramente, é de uma preguiça e ofensa a qualquer bom senso e inteligência ao cinema  que se possa ter . 

     Assim como dizer que o público que lota os cinemas dos shoppings do País seja sinônimo de qualidade, não é ter razão, é ser irracional. Ou ainda, a pior de todas, usar o termo " Prestigiar o Cinema Nacional" para justificar tal produção ,principalmente devido ao fato de termos uma diversidade muito grande , bons e ótimos filmes como os recentes : "Praia do  Futuro " e " O lobo atrás da porta"        

     Não sei se voltarei a escrever sobre este tipo de filme ( até porque todos são iguais como uma linha de montagem) que a Globo Filmes com todo seu poderio de Marketing lança mensalmente nos cinemas (no trailer anunciaram mais um com o Leandro Hassum !! ) . Ou como disse o diretor Kleber Mendonça Filho (Som ao Redor): 

     “O sistema Globo Filmes faz mal à ideia de cultura no Brasil, atrofia o conceito de diversidade no cinema brasileiro e adestra um público cada vez mais dopado para reagir a um cinema institucional e morto”. (Link Abaixo):

      https://www.vortexcultural.com.br/cinema/polemica-entre-kleber-mendonca-filho-e-diretor-da-globo-filmes/